segunda-feira, 2 de março de 2009

SONHO REALIDADE

CÉSAR WILLIAM
(Poeta, professor de Língua Portuguesa, pesquisador - Concludente do curso de Letras do Cesti-Uema)

Ainda menino, no esplendor da adolescência, embrenhei-me no matagal das palavras e aos poucos fui abrindo veredas, sozinho, seguindo trilhas as mais diversas e distintas: Nauro Machado, Guimarães Rosa, Rimbaund, Drummond, Rubem Braga, Shakespeare, Catulo da Paixão Cearense, Bandeira Tribuzi, Ferreira Gullar e tudo o que me chegava ao alcance dos olhos.
Aos 14 anos de idade, ganhei de presente da querida madrinha Aricéya Moreira Lima, a coleção completa de “Os Pensadores”, pela editora Nova Cultural. A partir desse feito, passei a gostar de alguns filósofos. Eles me fizeram entender alguns poetas. Tudo foi se tornando mais fácil e agradável para um autodidata que mais tarde se transformara em professor de língua portuguesa em vários colégios de São Luís: Ronald Carvalho, Dinâmico, Batista, Adventista e muitos outros, além de vários cursinhos pré-vestibulares.
Essa trajetória teve como nascedouro um sonho: o de escrever, escrever e escrever. Mas era difícil para um garoto egresso de camada simples da sociedade, filho de um operário e pertencente a uma família numerosa de seis irmãos.
Essa dificuldade teve sua recompensa. Ganhei um porto seguro: a senhora Aricéya. Ela e seu marido, meu padrinho, o jornalista Emanuel Silva, deram guarida a esse projeto e suguei deles todas as informações possíveis para que eu pudesse prosseguir minha viagem. Transformei a biblioteca deles em minha segunda casa.
Aos 17 anos, fui vencedor do I Festival Intercolegial de Poesia Falada e aos 21, publiquei meu primeiro livro de poemas, “O Errante”. Não o publicaria hoje, mas ele foi recebido como obra de autor promissor por parte de alguma crítica. A estréia abriu portas para mim e o opúsculo tornou-se conhecido. Está presente em várias antologias e em inúmeros sites.
A partir da estréia, passei a me envolver mais e mais com a leitura. Aumentou minha responsabilidade e também minhas exigências. Tornei-me autocrítico e me embrenhei cada vez mais na floresta das palavras.
Essa intensa dedicação brindou-me o título de professor de língua portuguesa, literatura e redação. Ainda na 3ª série do antigo científico, já ministrava aula para alunos do ensino médio. Mas, para o professor faltava o canudo.
Então fiz vestibular. Na primeira tentativa foi fracasso, entretanto, fui aprovado diversas vezes para Letras. Quando muito, matriculava-me. Em 2005, resolvi enfrentar novamente o vestibular, depois de quase 20 anos como autodidata. Escolhi a Uema, em Timon, porque o então governador, José Reinaldo Tavares alegara em certa entrevista que esta seria um paradigma de universidade.
Além do mais, em São Luís, a única opção para língua estrangeira seria inglês (eu não teria condição de concorrer com meus próprios alunos). Com a persuasão do “Zé” e apostando no novo, não pensei duas vezes. Resultado: fui aprovado em 4º lugar.
Confesso que a princípio me decepcionei, por questão estrutural. Até o 3º período do curso eu era a própria crítica, porém fui me rendendo à mestria dos excelentes professores, mestres também em outras instituições. Tive a sorte de fazer parte de uma turma eclética e que não se empalidece diante dos desafios.
Hoje, estou no último período do curso de Letras/Português do CESTI/UEMA e até junho/julho, deste ano, com a permissão de Deus, pretendo concluí-lo. Trata-se de mais uma etapa de uma longa caminhada que nasceu de uma solidão. De uma dor que eu não sei bem o que é.
Mas sei que é um sonho longo que venho realizando gradativamente, porque tracei metas. A história, por inteiro, das lutas travadas e dos empecilhos para eu tornar real o grande desejo de conciliar o professor com o poeta e com o escritor, fazendo o primeiro trabalhar em prol dos outros dois, está em um livro que estou escrevendo nestas férias, quase terminando, Professor de Mim.
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*Publicado no Jornal Tribuna do Maranhão.

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