segunda-feira, 2 de março de 2009

SOCORRO POR TODO LADO*

CÉSAR WILLIAM
(Poeta, professor de Língua Portuguesa e pesquisador - Concludente do curso de Letras do Cesti/Uema)

Nunca vi lugar para ter tanta homonímia quanto à palavra que hoje é modismo nesta cidade, Socorro. E se já disse que o povo perdeu a espontaneidade em relação à ida a comícios, carreatas, "caminhadas" etc., faço então algumas considerações.
Dessa falta de voluntariedade, Timon é um caso atípico da política nacional. Basta olharmos para a vizinha cidade de Teresina e fazermos uma comparação. Lá é bem diferente daqui. É percebível que mesmo sem haver (tanta) ostentação ideológica, como também ocorre no restante do país, em Timon há paixão, entusiasmo mais apimentado. As lideranças principais da cidade disputam palmo a palmo, até o último milímetro de desejo e até o derradeiro milésimo de esperança.
Mas, que me perdoe o querido (e)leitor. Meu assunto aqui é mesmo Socorro. O nome que está não só na boca do povo, mas em uma grande parte da população feminina timonense. Para todo lado há Socorro. Quando aqui cheguei, em julho de 2005, conheci uma senhora, funcionária da biblioteca Odylo Costa filho, que se tornou grande amiga minha. Seu nome? Socorro.No cursinho Pré-Vestibular Popular, em um dos seus pólos, o colégio Higino Cunha, tive nada mais, nada menos que cinco alunas que atendiam pelo homônimo. E não pára por aí, não. No antigo colégio Éden, no colégio Nota Dez e no Padre Delfino, as salas de aula sempre foram fartas de Socorros.
Porém, o celeiro das homonimizadas criaturas é mesmo o Cesti/Uema. Vejamos: Socorro Campelo, Socorro Coelho, Socorro Carneiro, Socorro Batista - passou por lá ainda, Ana Socorro e já estão pensando em levar àquela casa, para uma apresentação artístico-cultural, a bailarina e atriz Socorro Bernabé.
Além disso, uma das mais importantes cabos eleitorais do meu amigo Leal Filho é Socorro. Certamente ela fizera uma reunião em sua casa e descobri que sua vizinha, ao lado, também era Socorro. E na dita reunião descobri outras.
É 15 mil vezes Socorro. Só na rua em que moro há duas. Uma pertinho da outra. Hoje cedo, ao passar pela Avenida Luís Firmino de Sousa, veio a passos lentos uma senhora, grávida, em minha direção. O seu nome? Não, não é Socorro, mas dissera-me (sem pedir segredo) que fizera uma promessa: "se a prefeita for reeleita, o nome da menina será Socorro". E assim o fará. E se essa moda pegar, quantas mais hão de surgir?
Longe de mim o pensamento de querer trocadilhar, mas terminei nos braços de uma dessas Socorro. Ela também é professora e nem sabe o quanto a quero bem e que, ao contrário do que todos possam pensar, não é à prefeita Socorro Waquim a quem dedico esta humilde quase crônica, mas a ela, Maria do Socorro de Sousa.
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*Publicado no jornal Tribuna do Maranhão out/2008.

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